Ely acordou com o som de Joseph - que ainda dormia - virando-se para o lado, à procura de uma posição mais confortável. Ely olhou pela janela e admirou o céu - ainda um tanto escuro - , o sol estava nascendo. Quais seriam seus planos para aquele dia? Ela pensava. Teria de falar com Zoe - que agora possuía tamanha autoridade sobre o grupo - sobre irem a um local, no qual Joseph pudesse se adaptar, até melhorar e poder andar normalmente.
Ela saiu da van e não bateu a porta - não queria acordar Joseph - . Encaminhou-se para o porta-malas e de lá tirou sua mochila.
Dentro do carro novamente, ela tirara da mochila uma pequena barra de cereal - que agora encontrava-se vencida - . Aquele seria o seu café da manhã.
Depois de quinze minutos, Joseph acordou. Ele olhou para Ely, e esta correspondeu o olhar.
- Precisamos sair daqui - ela disse. - Ir para um local seguro e, quando você estiver bem, seguir para Washington. Acho que iremos demorar dois dias para chegar lá. Talvez três, pelo fato da falta de gasolina e de nossas necessidades. Não podemos sair por aí cheios de sono. Podemos demorar até quatro ou cinco dias. Tudo vai depender de sorte.
- Você... não tem medo? - perguntou Joseph, agora com menos dificuldade. - De elas... não estarem lá?
- Tenho - Ely afirmou. - Mas e se eu não fizer isso? O que mais posso fazer? Acho que estou em um navio que afunda lentamente.
Joseph não respondeu, apenas olhou pela janela da van e fechou os olhos.
Depois de aproximadamente uma hora, Zoe e os demais saíram da loja e saltaram a grade de volta ao carro.
- Achamos algumas roupas adequadas - disse ela. - Aqui, pegue. - disse enquanto estendia uma trouxa de roupas pela janela da van. - Duas calças, um xale e um casaco. Acho que vão servir em você. Creio que use o mesmo tamanho que eu.
- Obrigado - Ely agradeceu, enquanto admirava as roupas.
Depois que o grupo organizara os suprimentos no porta-malas, todos se estabeleceram novamente na van. Logo estavam de volta à longa e tortuosa estrada. Andaram por pouco tempo e logo pararam em uma pequena farmácia, onde poderiam pegar alguns remédios e curativos - especialmente para Joseph.
Todos desceram e entraram na farmácia - exceto Joseph - , que encontrava-se deserta. Era difícil procurar algo que lhes fossem útil, e as prateleiras encontravam-se praticamente vazias. Ely checava uma das prateleiras - com certa dificuldade, pois não entendia nada sobre remédios - , quando Heliot se aproximou e deu uma rápida passada de olhos na prateleira à sua frente.
- Precisa de ajuda? - ele perguntou. - Sabe... eu já fui farmacêutico, quando o mundo ainda era habitável.
Ely parou e o encarou.
- Ah, sim. Por favor - ela disse.
- Do que você precisa? - Heliot perguntou, enquanto contemplava uma das prateleiras. - Antibióticos, analgésicos?
- Qualquer coisa que faça Joseph melhorar rapidamente - Ely suspirou.
- Tudo bem... vou ver o que posso fazer a respeito - disse ele, que analisava um dos remédios com uma das mãos, enquanto a outra era levada ao queixo, em uma posição que exibia concentração e dúvida.
Enquanto isso, Ely se encaminhava para a seção de higiene feminina, na qual encontrava-se Jonathan, que deu um salto com sua chegada. Ela olhou desconfiada para ele.
- Hã... sabe como é... eu estava - ele revelou um pequeno pacote de camisinhas - ... com a sorte não se brinca, não é? - disse constrangido, expressando um meio sorriso.
- É - Ely afirmou com expressão de desgosto. Colocou as mãos dos bolsos do casaco - estava realmente frio - e encaminhou-se de volta à van.
Sentada no banco do carona, ela olhou para trás, para checar se Joseph estava bem. Ele contemplava o tempo lá fora.
- Acho que vai chover - Ely comentou, apenas para quebrar a tensão do ambiente.
- Sempre acabamos falado sobre o tempo, não é? - disse, agora sem nenhuma dificuldade, porém com voz um tanto rouca e risada esganiçada.
Ely ignorou o comentário.
- Sabe... aquelas pessoas lá dentro... elas são legais.
Joseph não respondeu. Ely virou-se para a janela e admirou o céu. Estava nublado - logo iria chover.
Depois de vinte minutos, Ely decidiu tentar ligar o rádio. Não havia transmissão alguma. Ela girava o botão para a esquerda e para a direita, até que ouviu uma voz falhada saindo do velho rádio.
Uma transmissão.
Ely concentrou todas as suas forças para entender o que era dito pela voz masculina.
Sobreviva... centro... refugiados... Washington... abrigo... alimentos...
A transmissão falhara, porém voltou em seguida.
Agora... citados... dos moradores... que aqui...
Falhara novamente. Ao voltar, eram citados nomes de várias pessoas - sobreviventes, pensou Ely - que habitavam o tal centro de refugiados. Ela olhava pela janela. enquanto nomes desconhecidos eram citados.
Cloe Mackenzie... Frederic Steel... Leonard Blacke... Catherina O'Conell...
Falha na transmissão...
George Becket...Sebastian Cronwell... Beatrice Conrad...
Falha na transmissão...
Molly Cooper...
Ely estacou.