quinta-feira, 2 de julho de 2015

Aviso!

 Gostaria de deixar alguns avisos e informações a todos os leitores.
 Primeiramente, quero justificar o motivo do meu sumiço e das faltas de capítulos publicados no blog.
 Desde que comecei a escrever o livro, já sabia que algo estava faltando, que eu podia melhorar; insistia nisso mesmo com todos os elogios que recebi. Parei de escrever o Devastation por alguns meses, para me dedicar à leitura e melhorar minha ortografia. O resultado, creio eu, foi ótimo, e agora tenho certeza de que posso fazer um trabalho melhor e mais dedicado. 
 Vou levar em conta algumas dicas que recebi de grupos do Facebook e de amigos, e fazer algumas leves alterações:
  1.  Título do livro em português: um amigo de um grupo do Facebook disse que seria muito mais tentador ler um título de livro em que as pessoas soubessem o significado; vou levar isso em conta, porque percebi que isso é uma grande verdade. Então, a partir do momento, Devastation - The Beginning passará a ser Devastação - O Começo.
  2. Capítulos maiores e mais detalhados: percebo que falhei um pouco na falta de alguns detalhes simples, mas que fazem a diferença. Reescreverei todos os capítulos, visando bastante nesta parte, para que os leitores possam sentir a emoção de um bom livro com a quantidade certa de detalhes - nem muitos, nem poucos.
  3. Ortografia melhorada: como disse, após meses de leitura, recebi ótimos resultados em minha ortografia, e pretendo deixar isso visível ao reescrever os capítulos. 
  4. Detalhes dos personagens: para que o leitor possa se aprofundar mais na leitura, é muito bom o apego aos personagens. Adicionarei mais detalhes sobre eles para que isso seja possível, tentando deixar o livro de uma maneira mais afetuosa e emocionante.
 Ainda não tenho previsão de quando recomeçarei o trabalho de reescrever e revisar os capítulos, pois estou trabalhando em uma obra um pouco mais antiga. Quando terminar o meu livro, recomeçarei o Devastação - O Começo, e tentarei mostrar ao máximo a melhora do meu trabalho.
 Tenho certeza que esse tempo sem escrever - apenas ler - proporcionou grandes mudanças à minha escrita, e trarei isso comigo durante o livro. Me dedicarei ao máximo e, como prometido aos meus amigos e leitores: eu não vou desistir. 
 Escrever um livro é algo realmente muito trabalhoso: pensar, escrever, revisar, e assim por diante... mas, com toda a motivação que recebi, tenho certeza que esse trabalho só irá para a frente daqui a algum tempo. 
 Agradeço a paciência de todos, e espero que gostem do meu futuro trabalho. Espero também que, um dia, este simples e-book possa se tornar uma obra física, na qual me orgulharei profundamente.
 Obrigada!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Capítulo 14

 Ely não sabia no que pensar, muito menos no que dizer. Como era possível seres humanos fazerem uma coisa dessas? Depois de alguns segundos, o homem continuou:
 - Bom, essas são as novidades. Nenhuma reação? - ele levantou as sobrancelhas, em uma expressão de indiferença.
 - O que você quer que eu diga? - Ely finalmente perguntou. - Tudo bem, eu vou dar cada pedaço do meu corpo para seu amiguinho infectado com todo prazer - a raiva a dominava, era impossível conte-la. 
 - Bom, moça, eu realmente não queria te sequestrar, nem nada do tipo, sabe? - ele olhou para o chão. - Mas creio que você não saiba qual é a sensação de ter uma arma apontada para sua cabeça - o homem soltou um breve suspiro.
 - Ah, eu sei. Sei muito bem! - Ely proferia cada palavra com extrema raiva.
 - Sabe, você parece ser forte. É o que sua personalidade me diz.
 - Sério? Minha personalidade gostaria muito de dar um belo chute nas suas bolas também!
 O homem riu. Ely não sabia como, mas mesmo com tanto ódio que sentia dele, gostou de sua risada - uma risada acalmante, como uma leve brisa de outono. 
 - Sabe, eu tentei ajudar todos, mas eram muito burros. Nenhum deles acreditou em mim - disse o homem, que agora encarava Ely profundamente, e ela devolvia seu olhar firmemente para aqueles olhos negros. 
 - Eles quem? - Ely perguntou, agora com um tom confuso na voz. 
 - Os outros que esses babacas prenderam. Sabe, eu não sou assim. Eu tenho que fazer o que eles mandam, ou eles me matam, e eu quero sobreviver. Em dias como esse, a gente sobrevive como pode, não é? - ele suspirou novamente, agora fora um longo suspiro. Olhou para o teto e tornou a falar. - Os outros prisioneiros estavam muito assustados para entender. Eu tentava dizer que queria fugir, que não era como eles, mas eles nunca entendiam. O pânico estampava a expressão deles. Não prestavam atenção no que eu dizia, e tentavam me chutar.
 Ely ficara pensativa, contemplando o chão sujo do porão. 
 - Você deve estar se perguntando por que eu ainda não fugi? - ele perguntou, olhando para ela.
 Era como se o homem tivesse adivinhado seus pensamentos, então ela confirmou:
 - Sim, era exatamente isso que eu estava pensando. 
 - Bem, eles sabem que meu maior desejo é fugir daqui. Eles me acham forte, então não querem que eu fuja. Sou como uma arma para eles, sabe? Então, para que eu não fuja, eles ficam de olho em mim todos os dias e todas as noites, até na hora de dormir. Sim, eu durmo com uma arma apontada para minha cabeça. Aposto que você não passa por isso, não é?
 - Você acha que eu estou acreditando em cada palavra que você diz? - Ely debochou. - Por favor, seja menos idiota.
 - Realmente, eu acho que você não esta acreditando. Bom, em caso de dúvidas, eu tenho uma ideia para finalmente sair daqui, apenas basta você querer. 
 Ely o encarou, como se buscasse a sinceridade em seu olhar. Na verdade, fugir, é claro, era o que ela realmente queria. Poderia voltar para o grupo. Poderia voltar para Joseph. Depois de tais pensamentos, ela respondeu:
 - Okay. Vamos ver se você é realmente capaz de nos tirar daqui.
 O homem sorriu, e logo falou: 
 - Tudo bem. Agora eu só preciso que você coma. Não precisa ter medo, é comestível. E também quero que você durma. Precisaremos de muita energia, okay?
 - Tá. 
 Ele se levantou, e sem olhar para atrás, atravessou a porta e deixou Ely sozinha com seus pensamentos. 
 A sopa não estava tão ruim, pensava ela. Claro que, isso era só um detalhe que estava perdido em seus pensamentos, existia muito mais no que pensar. Cada colherada parecia uma benção - estava com muita fome - . Depois de acabar a sopa, ela deitou-se no chão frio e nada confortável, é claro, mas só precisava passar essa noite naquele lugar. Ela precisava sair dali. Depois de certo tempo, chegara o sono e, naturalmente, lembranças do passado invadiram sua mente. 

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Capítulo 13

 Sono. Fome. Frio. Náuseas. Dores musculares. Era tudo que Ely sentia. Não sabia onde estava, nem abrira os olhos - com medo do que tinha para ver - . Ela iria esticar os braços, quando o pânico a dominou: estava amarrada, vendada e amordaçada. Instantaneamente, vários pensamentos passaram por sua mente. Onde estava? Quem eram as pessoas que a sequestraram? O que queriam com ela? Quanto mais Ely pensava, mais o pânico a dominava. O medo era constante. 
 Tentava desesperadamente tirar a venda dos olhos, porém não teve sucesso. Ficou calada quando ouviu vozes, aparentemente um andar acima de onde ela estava. Subitamente, ela parou de se mexer e, apenas nesse momento, percebeu a fetidez do local. Um odor bolorento invadiu suas narinas, mas tentava não se concentrar nisso. Precisava ouvir o que era dito. 
 - Ah, cara... tomara que de certo... - a voz de um homem era audível à distância.
 - Tem que dar... não vamos fazer isso por nada... - outra voz masculina, porém um tanto mais perto. 
 Ely ficava cada vez mais curiosa. 
 Tudo ficou em silêncio novamente. Ely estacou, afim de ouvir algo, mas nada era audível. Ela deu um salto ao ouvir sons de passos descendo escadas - provavelmente estava em um porão. A porta do local fora aberta. Passos pesados se aproximavam. Ouviu-se um leve estalido e logo o local fora invadido por uma luz tênue. A pessoa parou à frente de Ely - ela sentia sua respiração. Sua venda fora tirada. Ela semicerrou os olhos, os acostumando novamente com a luz, para revelar o rosto de quem estava à sua frente.
 - Está com fome? - perguntou uma voz grave e masculina. A mesma que Ely ouvira anteriormente. - Não temos nada muito bom. Tudo já passou do prazo de validade, mas tenho que te manter viva.
 Ely finalmente conseguira enxergar o homem. Ele era bonito. Com cabelos negros - um tanto compridos - jogados para trás, barba por fazer e, o que mais chamava atenção: seus olhos. Olhos negros - como uma noite de eclipse - , porém seu brilho era radiante.
 Ele arrancara a fita que cobria os lábios de Ely, e finalmente ela conseguiu falar:
 - O que vocês querem comigo? - ela perguntou, um tanto calma, porém o pânico era constante.
 - Primeiro, vamos deixar bem claro: eu não queria fazer isso, mas é o único jeito que eu tenho de sobreviver e não levar uma surra desses caras. Eu estou cumprindo meu dever, quero que saiba disso. Só mais uma coisa que você tem que saber: meu único objetivo é te manter viva, por ora. Não posso mais dar nenhuma informação, lamento.
 Ely sentia o sangue subindo em sua cabeça, porém, de qualquer modo, se impressionou com o modo delicado que o homem tinha de pronunciar frases tão desafiadoras.
 - Por favor - ela pedia, agora sem esconder o pânico e o ódio. - Eu preciso saber... preciso saber o que vão fazer comigo. Você não gostaria de ser sequestrado e não saber, ao menos, qual seria o seu destino, não é? 
 O homem - que antes estava agachado à frente de Ely - se levantara e se encaminhava lentamente para um canto do porão. Ele mexia em algo acima de uma velha mesa de madeira. Ely apenas observava - não tinha mais o que fazer, nem como se mexer. 
 Ele parou novamente à sua frente, deixou ali uma tigela com um conteúdo que parecia ser uma sopa nada convidativa. 
 - Você precisa se alimentar - ele disse, com uma certa tristeza no olhar.
 - Não vou comer nada até você me dizer o que está acontecendo - Ely desafiou. 
 - É o seguinte: eu vou desamarrar você. Você vai comer e depois vai ficar quietinha, okay?
 - Não! - ela aumentou o tom de voz - Não vou fazer nada que você mandar, até que me conte o que está acontecendo!
 - Tudo bem... você tem sorte que eu sou um cara legal. Vou lhe contar o que está acontecendo... - o homem a olhou profundamente, como se estivesse em busca de uma expressão surpresa, mas Ely continuou intacta. Como não teve nenhuma reação, ele continuou: 
 - Daqui a um tempo... - ele fez uma pausa dramática - eles vão dar pedaços do seu corpo para o nosso amiguinho infectado.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Capítulo 12

 - Joseph! - disse Ely alarmada. - Joseph, meu Deus! Você ouviu isso? 
 Joseph estava estupefato, com uma visível expressão de espanto.
 - Mas... - ele começou - não falaram o nome da sua mãe, falaram? 
 - Eu... - ela gaguejava - eu não ouvi! Talvez a transmissão tivesse falhado na hora... sei lá!
 - A gente vai pra lá? Tipo... agora? - Joseph mantinha a expressão de horror, enquanto falava com voz rouca. 
 - Eu... eu vou falar com a Zoe agora! - disse Ely em alto tom de voz, enquanto abria a porta e saía do carro rapidamente. - Precisamos ir lá! Precisamos agora!
 Ely correu até a farmácia, à procura de Zoe. Acidentalmente, ela esbarrou em Heliot, que analisou sua expressão preocupado e perguntou:
 - Ei... o que aconteceu? - ele segurava fortemente os braços dela. - Acalme-se, acalme-se! Viu algum infectado?
 - Não... - ela tentava dizer, ofegante - eu... preciso... Zoe, onde ela está?
 - Está no fim do corredor - disse Heliot, apontando para o local. 
 No mesmo momento, Ely desvencilhou-se dos braços do homem e correu para o fundo da farmácia, no qual encontrava-se Zoe. Ela corria rapidamente, com cuidado para não cair no chão escorregadio.
 Quando chegou perto de Zoe, esta virou e analisou preocupada a expressão de Ely, enquanto com uma das mãos, segurava um pequeno frasco de remédio. 
 - Zoe... - começou Ely, enquanto recuperava a respiração regular. 
 - O que foi? - Zoe perguntou com uma expressão ansiosa.
 - Eu... preciso ir... preciso ir para Washington... minha irmã... talvez minha mãe também...
 - O que? Elas estão lá? - Zoe perguntou.
 - Sim... acho que sim... - Ely apoiava as mãos nos joelhos, recuperando respiração e um tanto de calma. Nesses momentos, ela pensava, a asma era um sério problema na sua vida. Corria um pouco e logo estava entregue à falta de ar.
 - Han... Vamos lá fora. Eu te dou um pouco de água e você me conta melhor essa história.

 Elas estavam no chão à frente da farmácia. Ely olhava para um ponto fixo no chão, enquanto tomava lentamente um pouco de água de uma garrafa suja e amassada. Zoe, ao seu lado, mantinha as mãos nos ombros de Ely, tentando acalmá-la. 
 - Então... me conte... o que aconteceu? - Zoe perguntou, ainda com expressão preocupada.
 - Bem... - Ely começou - eu estava na van... Tentei ligar o rádio, que não funcionou. Só que... depois de um tempo, eu ouvi uma voz falhada vinda do rádio. Era uma transmissão. Estava falando sobre um refúgio seguro em Washington. Citava os nomes dos refugiados e, depois de vários nomes, eu ouvi... eu sei que eu ouvi. Joseph também ouviu. Ele falou "Molly Cooper" - Ely olhou profundamente para Zoe. - Eu preciso ir lá. Preciso ver minha irmã! Abraçar ela e, depois de tanto tempo, lembrar qual a sensação de estar com um familiar. Desfrutar de uma temporária felicidade! É só o que eu preciso! - Ely caíra em lágrimas.
 - Bem... - Zoe desviara o olhar e o direcionara à um ponto fixo no chão - se você quiser ir... Tudo bem. Mas tem certeza? Tem certeza de que vale a pena arriscar sua vida para ir a um lugar, no qual você não tem certeza de que sua mãe e irmã estão? Talvez essa transmissão seja antiga - ela direcionou o olhar para Ely novamente. - Eu não quero acabar com suas esperanças, mas é assim que funciona, sabe? Não podemos esperar demais. Talvez nós sejamos sua família agora.
 - Elas estão lá - Ely mantinha uma séria expressão. 
 Zoe não disse nada, apenas desviou o olhar novamente. Ely, agora irritada, levantou-se e se encaminhou para longe da farmácia. Ela sentia Joseph a observando pela janela da van. 
 Parou depois de estar pelo menos trinta metros de distância do local. Encostou-se em uma árvore e inspirou profundamente.
 - Eu preciso encontrar elas... - Ely dizia para si mesma - preciso encontrar elas... preciso encontrar elas... preciso encon...
 Suas palavras foram abafadas. Alguém a agarrou furtivamente e pressionou fortemente um pano contra suas vias respiratórias. Ela tentava de tudo para se desvincilhar, mas a pessoa que a segurava era realmente forte. Logo ela perdera suas forças. Não era mais capaz de lutar. 
 Ely entregou-se ao sono profundo que a aguardava.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Capítulo 11

 Ely acordou com o som de Joseph - que ainda dormia - virando-se para o lado, à procura de uma posição mais confortável. Ely olhou pela janela e admirou o céu - ainda um tanto escuro - , o sol estava nascendo. Quais seriam seus planos para aquele dia? Ela pensava. Teria de falar com Zoe - que agora possuía tamanha autoridade sobre o grupo - sobre irem a um local, no qual Joseph pudesse se adaptar, até melhorar e poder andar normalmente.
 Ela saiu da van e não bateu a porta - não queria acordar Joseph - . Encaminhou-se para o porta-malas e de lá tirou sua mochila. 
 Dentro do carro novamente, ela tirara da mochila uma pequena barra de cereal - que agora encontrava-se vencida - . Aquele seria o seu café da manhã.
 Depois de quinze minutos, Joseph acordou. Ele olhou para Ely, e esta correspondeu o olhar.
 - Precisamos sair daqui - ela disse. - Ir para um local seguro e, quando você estiver bem, seguir para Washington. Acho que iremos demorar dois dias para chegar lá. Talvez três, pelo fato da falta de gasolina e de nossas necessidades. Não podemos sair por aí cheios de sono. Podemos demorar até quatro ou cinco dias. Tudo vai depender de sorte.
 - Você... não tem medo? - perguntou Joseph, agora com menos dificuldade. - De elas... não estarem lá?
 - Tenho - Ely afirmou. - Mas e se eu não fizer isso? O que mais posso fazer? Acho que estou em um navio que afunda lentamente.
 Joseph não respondeu, apenas olhou pela janela da van e fechou os olhos.
 Depois de aproximadamente uma hora, Zoe e os demais saíram da loja e saltaram a grade de volta ao carro.
 - Achamos algumas roupas adequadas - disse ela. - Aqui, pegue. - disse enquanto estendia uma trouxa de roupas pela janela da van. - Duas calças, um xale e um casaco. Acho que vão servir em você. Creio que use o mesmo tamanho que eu.
 - Obrigado - Ely agradeceu, enquanto admirava as roupas.
 Depois que o grupo organizara os suprimentos no porta-malas, todos se estabeleceram novamente na van. Logo estavam de volta à longa e tortuosa estrada. Andaram por pouco tempo e logo pararam em uma pequena farmácia, onde poderiam pegar alguns remédios e curativos - especialmente para Joseph.
 Todos desceram e entraram na farmácia - exceto Joseph - , que encontrava-se deserta. Era difícil procurar algo que lhes fossem útil, e as prateleiras encontravam-se praticamente vazias. Ely checava uma das prateleiras - com certa dificuldade, pois não entendia nada sobre remédios - , quando Heliot se aproximou e deu uma rápida passada de olhos na prateleira à sua frente.
- Precisa de ajuda? - ele perguntou. - Sabe... eu já fui farmacêutico, quando o mundo ainda era habitável.
 Ely parou e o encarou. 
 - Ah, sim. Por favor - ela disse.
 - Do que você precisa? - Heliot perguntou, enquanto contemplava uma das prateleiras. - Antibióticos, analgésicos? 
 - Qualquer coisa que faça Joseph melhorar rapidamente - Ely suspirou. 
 - Tudo bem... vou ver o que posso fazer a respeito - disse ele, que analisava um dos remédios com uma das mãos, enquanto a outra era levada ao queixo, em uma posição que exibia concentração e dúvida. 
 Enquanto isso, Ely se encaminhava para a seção de higiene feminina, na qual encontrava-se Jonathan, que deu um salto com sua chegada. Ela olhou desconfiada para ele.
 - Hã... sabe como é... eu estava - ele revelou um pequeno pacote de camisinhas - ... com a sorte não se brinca, não é? - disse constrangido, expressando um meio sorriso.
 - É - Ely afirmou com expressão de desgosto. Colocou as mãos dos bolsos do casaco - estava realmente frio - e encaminhou-se de volta à van.

 Sentada no banco do carona, ela olhou para trás, para checar se Joseph estava bem. Ele contemplava o tempo lá fora.
 - Acho que vai chover - Ely comentou, apenas para quebrar a tensão do ambiente. 
 - Sempre acabamos falado sobre o tempo, não é? - disse, agora sem nenhuma dificuldade, porém com voz um tanto rouca e risada esganiçada. 
 Ely ignorou o comentário. 
 - Sabe... aquelas pessoas lá dentro... elas são legais.
 Joseph não respondeu. Ely virou-se para a janela e admirou o céu. Estava nublado - logo iria chover.

 Depois de vinte minutos, Ely decidiu tentar ligar o rádio. Não havia transmissão alguma. Ela girava o botão para a esquerda e para a direita, até que ouviu uma voz falhada saindo do velho rádio. 
 Uma transmissão.
 Ely concentrou todas as suas forças para entender o que era dito pela voz masculina.
 Sobreviva... centro... refugiados... Washington... abrigo... alimentos...
 A transmissão falhara, porém voltou em seguida.
 Agora... citados... dos moradores... que aqui...
 Falhara novamente. Ao voltar, eram citados nomes de várias pessoas - sobreviventes, pensou Ely - que habitavam o tal centro de refugiados. Ela olhava pela janela. enquanto nomes desconhecidos eram citados.
 Cloe Mackenzie... Frederic Steel... Leonard Blacke... Catherina O'Conell...
 Falha na transmissão...
 George Becket...Sebastian Cronwell... Beatrice Conrad...
 Falha na transmissão...
 Molly Cooper...
 Ely estacou.

Capítulo 10

  Memórias de Ely - parte 2

  Ela estava jogando xadrez com Molly. Sua mãe tricotava algumas meias de natal. A Sra. Cooper envelhecera muito nos últimos dez meses - a morte de seu marido realmente lhe afetara - . Agora, seus cabelos brancos eram visíveis abaixo de seu coque. Tampouco se preocupava com vaidade, e mantinha uma expressão de desânimo.
 Ely estava pronta para dar o xeque- mate, quando uma notícia na televisão chamou sua atenção:
 Cientistas aprofundam os estudos do cérebro humano. Seus objetivos são possibilitar a raça humana de usar uma maior porcentagem do cérebro, para adquirimos conhecimento com tamanha facilidade e memória menos limitada. Atualmente, procedem os experimentos com orangotangos que, depois de tais experimentos, mostram-se mais racionais e de fácil aprendizado. 
 Os cientistas afirmam que, em breve, poderão expor ao público o resultado dos estudos, e revelar os indivíduos nos quais passaram pelos testes.
 - Xeque-mate! - gritou Molly, enquanto apontava para um bispo no tabuleiro. Ela virara o jogo, de modo à ficar com as peças de Ely.
 - É - disse Ely sem ânimo. - Você se suicidou, porque essas ainda são minhas peças.
 - Agora não são mais! - Molly provocou.
 Ely levantou-se, fez um breve cafuné nos cabelos de Molly e encaminhou-se para seu quarto, à procura de algo que eliminasse seu tédio constante.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Capítulo 9

 Depois de andarem por aproximadamente quarenta minutos, pararam à frente de uma pequena loja de roupas, cercada por grades. Henry estacionou a van ao lado da loja. 
 - Acho que podemos ficar por aqui essa noite - disse ele.
 - Sem chance - Ely protestou. - Teríamos que pular as grades e Joseph não está em condições para isso - todos ficaram em silêncio, pensando sobre o assunto. Ely deu um salto quando Joseph falou - pela primeira vez desde que fora esmurrado.
 - Eu... posso ficar... na van - disse ele com dificuldade.
 - Tudo bem - Ely concordou, com pena no olhar. - Vou ficar aqui com você. 
 Todos os outros saíram da van, exceto Zoe.
 - Ely - ela começou. - Tome cuidado - disse ela, oferecendo-lhe uma pistola. Ely estacou. Aquela era a mesma pistola na qual Lewis tentara matá-la.
 - Essa arma... - Ely ia dizer, quando Zoe a interrompeu.
 - Eu sei - disse ela. - Eu sei o que aconteceu com Lewis. Todos estavam distraídos. Ouvi vozes e disse para Joseph esperar um pouco. Não pedi para ninguém checar, porque sabia que eram vozes conhecidas e não queria causar confusão. Olhei pela janela e lá estava Lewis apontando uma arma para você. Eu ia fazer alguma coisa, juro, mas quando botei o pé para fora do mercado, Tony surgiu. Você tem sorte, eu demorei demais.
 Ely não sabia o que dizer, apenas concordava com um aceno de cabeça. Joseph caíra em um rápido e profundo sono ao seu lado.
 - Tony era um homem arrogante e impulsivo, mas ele queria manter a fama de chefão. Queria manter a ordem. Eu sabia que ele estava infectado quando fez isso com o seu amigo. Uma morte horrível. Sabe-se lá como ele se infectou. Ninguém deveria morrer daquele jeito, por mais que fosse mau, digamos assim. Acho que chegou a hora de deixarmos nossas diferenças de lado e nos unirmos, estamos em outros tempos.
 Ely apenas concordou.
 - Boa noite - disse Zoe, que lhe entregou a arma, fez um breve aceno de cabeça e se retirou da van. 
 Logo quando Zoe saíra, Ely largou a arma em cima do porta-luvas. Levou um susto quando Joseph falou - estava fingindo estar adormecido.
 - Ely... o que... - falava com dificuldade.
 - Longa história - ela interrompeu. - Depois eu explico.
 Joseph mantinha os olhos fixos em Ely. Esta, pegou sua mão carinhosamente. Estava com muita pena do amigo. Ely fechou os olhos, mas de qualquer modo, sentia o olhar de Joseph. Era um tanto desagradável ser observada, mas não se importava mais. Ela não conseguia acreditar em como fora estúpida ao pensar em deixar Joseph para trás e seguir para outra cidade. No momento, ele era a pessoa mais importante para Ely, em meio àquela caos.  
 Todos esses pensamentos esvaíram-se de sua mente, enquanto caía em um sono profundo.